“Ando por ai querendo te encontrar, em cada esquina paro em cada olhar, deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar”
Era uma menina que contava as datas, que sabia os números dos dias e das horas...
De todas as datas que ela guardava, algumas ela sorria ao lembrar...
Datas como ontem, como novembro, como abril, como julho, como janeiro, e mais algumas dos últimos cinco anos. A lembrança fazia parecer que o tempo, em algumas ocasiões, estava acontecendo no absoluto presente, porque ela lembrava com perfeição.
Algumas vezes, escutei a menina dizer que tudo aquilo era passado, que já não existia mais, e que o coração dela já estava novamente ocupado. Eram nestes momentos que algum anjinho sapeca jogava algumas pistas na frente dela só pra indicar que aquele sentimento podia ser tudo, menos não-sentimento. Então ela pedia para que o novo inquilino desocupasse teu coração e o chamava de intruso pela inconveniência. 'Como pode alguém ser tão intrometido, invadindo propriedade alheia?'
Quando a vontade de encontrar o verdadeiro proprietário era muita, a menina abria seu baú secreto, depois de jogar fora todas as roupas sujas indesejadas, todas as lágrimas, e todas as palavras feias, ela encontrava uma linda flor vermelha de pelúcia... e sorria. Sorria por um motivo que só ela entendia, que ninguém podia compreender. Talvez seja porque aquela simples flor de pelúcia vermelha trazia em sua memória o único momento que sentiu amor, amor daquele tipo que atinge um homem e uma mulher.
Mas ela, a menina, não sabia nada sobre o amor. Nestes assuntos era burra como uma porta, e mesmo sendo burra ela sorria, sem ninguém saber, sorria escondido, porque aquelas lembranças (de datas, números e horas) eram só do mundo dela. Ou melhor, não eram só dela... mas quando ela lembrava disso ela tinha medo, porque sabia que a sua vontade era gritar o que chamava de amor a todos, principalmente àquele que tinha levado com ele o perfume da flor e seu coração.
Ainda que por medo, por receio, por precaução... a menina olhava a flor e apenas sorria... porque só ela sabia o sentimento que tinha.
E ficava feliz em ter tido aquele momento de coração tranquilo e sorriso no rosto, mesmo porque 'é assim que tem que ser', ela dizia!
Eu a vendo só pensava: Pobre menina que não sabe nada sobre o amor!
E ficava feliz em ter tido aquele momento de coração tranquilo e sorriso no rosto, mesmo porque 'é assim que tem que ser', ela dizia!
Eu a vendo só pensava: Pobre menina que não sabe nada sobre o amor!
"é um perfume que não é meu, nem dele, é do momento, e da visão.
ResponderExcluire se pensam ser estranho que eu ame um perfume que em nada condiz com o "nós" que eu pretendo, imagine que da única vez que se viram, tu conseguiste engarrafar o momento exato no qual você se apaixonou perdidamente! Entenderás então porque um perfume significa tanto..." [F.B.]
Acredito que ela, a menina, entenda mais do que ninguém o que é esse bichão, o amor...
Porque ela consegue, numa simplicidade bonita, observar algo que não condiz nem com ela (afinal ela nem é de pelúcia e nem é flor), nem com ele (pelo mesmo motivo), e mesmo assim, sentir-se abraçada e beijada por ele, porque é como se de repente, ali presa nas pétalas da flor de mentira, estivesse o momento exato em que o amor começou a crescer, e preso no sorriso bordado, todos os sorrisos e pensamentos bons nele, ou dele para ela.
e é assim, que, dado que ninguém entende, fica pra ela um universo todo novo, só seu, secreto...
"Sorrindo consigo mesma á cada descoberta silenciosa, na delícia de poder apenas observá-lo, sem explicar, sem justificar...ela e sua devoção dialogando sobre o homem que se formava surrealisticamente em sua frente, sem nem saber que era observado com tanta atenção" [F.B.]
" Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar .. "
ResponderExcluirLindo !! Sem palavras!!
L.U.!