domingo, 14 de junho de 2009

Pela necessidade de usar-te!



Em nome de tantos anos de total companheirismo e dedicação, eu só te peço um favor, uma ajuda: me deixa te usar???
Eu realmente preciso te usar, e já uso em varias situações, em vários momentos, mas preciso que você saiba desta necessidade de utilização de tal produto. Preciso que você saiba para que possa colaborar de forma mais produtiva com sua cliente. Posso te usar em vários momentos sem teu consentimento mas as vezes preciso realmente que você saiba disso e faça uma forcinha para facilitar a utilização.
Quando vejo algo muito bonito eu tenho que falar de algo para comparar, daí então tenho que usar sua imagem (mesmo se for para causar oposição, as vezes acontece) nem se for para falar que seu nariz era muito maior, que tinhas menos pêlos, que teu abraço demorava mais... tenho que falar das mãos, do perfume, da boca carnuda, então eu mostro fotos, ainda que tenha que roubá-las para fingir que fui eu quem as tirei. Quando vejo algo feio então eu tenho que falar que tudo que era feio em ti eu ignorava, porque era apaixonada e cega, e lamento por isso, lamento com um sorriso no rosto.
Quando escuto uma música e alguém diz que se lembra de outra pessoa, então é o momento de eu começar a citar várias que me recordo de você, algumas que você nem sabe, afinal não é importante ser NOSSA musica ou não, o importante é que eu lembre e goste.
Quando algum relacionamento dá errado eu o comparo a você, comparo os sinais para demonstrar que eu sabia desde o começo que seria errado, já que era tão parecido contigo. E quando está tudo certo eu lembro automaticamente de você, por saber que um dia vai dar errado com esta pessoa, já que já tive o meu certo, já que não quero outro. Aliás, sempre ao se falar de um relacionamento eu encho a boca e conto que também já tive desilusões amorosas e então conto nossa historia toda, é como se eu o usasse para me enturmar com gente que realmente teve relacionamentos de verdade, então eu enfeito nossa história e conto de um jeito que qualquer pessoa acredita que realmente aconteceu.
Eu te uso pra ser meio maluca, pra falar sozinha, pra sorrir pra ninguém, pra sentir algo que nem existe, te uso como se você fosse um alguém imaginário que só existe nos meus sonhos (o que não é tão mentira assim, porque você da maneira que eu pinto só existe realmente nos meus sonhos). Eu te uso pra ser exageradamente platônica e mexicana, de uma maneira que até eu mesma me envergonho quando percebo.
E eu te conto tudo isso e te peço ajuda porque sei que você sabe que sou mesmo um pouco maluca, e é o único que vai saber disso, porque pros outros eu finjo ser um pouco normal e você sabe como costumo ser boa atriz quando quero, então eu interpreto e todo mundo caí, mas você não, você já sabe de toda a minha mania de inventar historias, então pra você eu posso ser sincera.
Agora de verdade, será que seria pedir demais que as vezes você fingisse que realmente isso aconteceu? A gente podia fingir que é um casal, pode até mesmo ser um casal terminado, e daí você teria o que conversar comigo, e brigaria, xingaria, depois faria as pazes e diria que respeita todo o nosso passado. Seria engraçado porque daí eu não me sentiria tão patética quando grito seu nome e fico ali parada sem ter o que dizer. Sabe teatrinho bobo? acho até mesmo que você se divertiria com a situação.
Assim eu voltaria a ser mais mulherzinha pelo menos por alguns instantes do dia, podia dizer pra todo mundo que esta coisa de amor existe e que eu já sofri por amor e já fiz sofrer também, assim eu poderia tirar por alguns segundos esta pose de “já sei onde isso vai dar” e seria sincero, seria bonito. Mas pra isso eu preciso que você saiba do teatro, preciso que você queira interpretar, só por alguns momentos, só pra me fazer sentir o que sou de verdade, depois tudo volta ao normal, a gente segue nossa vida achando que realmente aquilo foi algo e você teria feito a sua boa ação do dia.
Afinal quando todas as minhas inspirações vão embora, tudo o que me sobra é você, então eu sento e escrevo. Escrevo pra vomitar tudo isso que fica batucando em meu coração (tudo nosso soa como um tango mal tocado). Só assim eu consigo acordar no outro dia limpa das suas lembranças, como uma página em branco. Contudo, minha ansiedade em pintar um novo quadro e o meu medo de pendurar algo que não goste na parede me leva a usar novamente as mesmas cores, novamente você.

“Esse é só um dos absurdos que passam pela minha cabeça quando me salta você no peito.” Tati Bernardi

Um comentário:

  1. Tá vendo como no fundo você ainda acredita! Tá vendo!! O amor ainda tá ai.. destinado para a pessoa errada, mas um dia ele encontra um rumo hehehe..
    viver nesses vazio que nos trazem força para encarar os dias chatos e monotonos é um jeito de fugir, mas também um jeito de sobreviver!

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