sexta-feira, 29 de maio de 2009

Maio!


Desistir do amor foi o caminho mais simples e menos dolorido, então foi o que ela fez. Decidiu de que daquele momento em diante não se deixaria mais enganar, não se envolveria, não se machucaria.
Tudo dava certo! Ao contrário do que ela esperava, quanto mais ela colocava uma plaquinha de “não pise na grama” no seu jardim, mais borboletas se aproximavam do mesmo. Talvez a vontade da menina de não amar a transformará em alguém enigmática e misteriosa, o suficiente para gerar interesse nos que por ali passavam.
E ela pregava seus conselhos a quem quisesse escutar, contava sua história e convencia a qualquer um que “amor” foi só algo inventado pelos comerciantes para vender presente no dia dos namorados.
Como terminava maio, ela começara a pensar em dia dos namorados e aquilo era o mote para qualquer assunto, mas não se lamentava por não ter companhia para a data, pelo contrario, falava com a boca cheia de que enquanto as namoradeiras tinham 1 dia, ela tinha 364. Eram dias o suficiente para ela encontrar várias companhias diferentes, uma boa festa e algo qualquer para que não lembrasse de nada no outro dia. Estava feliz!
Mas mesmo assim, quando ninguém estava olhando, ela puxava uma caixinha com suas lembranças e olhava alguma foto do casal, ao mesmo tempo em que cantarolava alguma música que a fazia transportar à outro mundo. Quando ninguém olhava, ela chamava-o como que sem querer, fingindo que foi apenas um engano. Quando ninguém olhava, ela se lamentava por tudo ter passado e por nada ter passado... Quando ninguém olhava, ela pensava em como poderia ter sido o que não foi!

"Maio
já está no final
O que somos nós afinal
se já não nos vemos mais
Estamos longe demais
longe demais
Maio
já está no final
É hora de se mover
prá viver mil vezes mais
Esqueça os meses
esqueça os seus finais
esqueça os finais
Eu preciso de alguém
sem o qual eu passe mal
sem o qual eu não seja ninguém
eu preciso de alguém"
(Maio - Kid Abelha)

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Et l'amour j'laisse tomber !"


Eu menti!
Não me julguem, afinal, às vezes a gente mente sem nem saber que esta mentindo, mas isso não me tira a culpa: eu menti! Se querem saber mesmo a verdade, eu digo: eu não acredito no amor. Pronto, simples assim. Não acredito, não mais.
Cansei de ser a panaca que corre atrás do amor eterno que nunca acabou e já faz sei lá quantos anos isso, nem sei mais fazer a conta, afinal eu nunca nem pensei a respeito, só fechava os olhos e seguia meu instinto idiota. E pra suprir a falta deste “amor incansável” eu quis me apaixonar por todos os homens que me dessem qualquer beijo idiota na testa, já me contentava, já me bastava... Bastava ao ponto de eu me preocupar, ir atrás, fazer carinho, dar atenção, me justificar, querer estar perto... Inferno de carência!
A verdade é que todos estes casos tortos só me serviram para ficar com um tremendo vazio de quem não tem ninguém, e eu queria, queria mesmo me apaixonar e ser completamente fiel, completamente inteira a quem quer que fosse, bastava me querer. Que absurdo.
E pra quem lê em meus textos uma resposta às inquietações do amor, então tenho outra revelação: do amor eu não entendo nada! São só palavras, acreditem, palavras vagas, nulas e completamente sem sentido ou razão.
A grande verdade é que a maioria dos casais que conheço ou traem ou serão traídos. Os casamentos são infernais - cheios de brigas e discussões - ou acabam na simplicidade do divórcio, gerando um pouco mais de briga e filhos mal criados (que terão traumas posteriormente, não acreditarão no amor e farão meninas românticas como eu não os entender). Os flertes são cheios de egoísmo e vaidade: se você vai ao encontro da pessoa, se liga, se dá carinho e atenção então eis alguém que gosta de ficar com você. Claro, se entre todas estas coisas não tiver nenhum pingo de cobrança ou necessidade.
Não vou cuspir pra cima como todos os solteirões inveterados dizendo “eu não largo minha vida de solteira por nada” pelo contrário, largaria muito fácil se o amor existisse, mas não largo se isso que chamam de amor for apenas o que me oferecem, não por esta necessidade de ter alguém apenas, não pra sustentar o ego de alguém ou servir de troféuzinho. O amor deveria ser mais do que isso, e como uma boa romântica eu digo que se ele não é, então eu não quero, não acredito e não entendo.
E por ser romântica eu desisto do amor. Definitivamente não nasci pra este sentimento, nasci pra ser competente, pra ser inteligente, pra ser boa mãe, boa amiga, boa filha, mas quanto ao amor... eu não sei!
Então eis que o plano de sentir ficou meio em suspenso, creio eu. Pelo menos nos moldes que eu o havia planejado. Esta coisa de colocar as asas e ir voando em direção ao seu amor, mesmo sem saber voar, é muito bonito nas historias do Rubem Alves, mas na vida real só gera um grande tombo deixando-me mancando por uma semana. Acho que prefiro a velha história de colocar um muro bem grande na frente do meu castelo e quem quiser que escale. E esta é a metáfora que traduz minha atual fase de romântica desacreditada no amor: um muro em frente ao castelo.
Antes que algo pareça estar subentendido, não estarei do lado dentro do castelo cuidando do meu jardim para a chegada das borboletas, tudo isto é muito parado. Vou estar é bebendo minha vontade de viver transformada em um pouco de whiskie, vou aproveitar as festas de todos os castelos da redondeza e fazer bem só a quem me é muito importante. Caso algum aventureiro queira realmente escalar este imenso muro, apenas desejo-lhes coragem e sorte, porque já aviso que não terá ninguém para fazer curativo se sofrer algum tombo, estarei ocupada sendo feliz.
E enquanto o me sentir amada por mim mesma for muito mais interessante do que o amor que me dedicam, a resposta será sempre a mesma: "L'amour pas pour moi” seguida de um beijo na testa do corajoso desprovido de sedução. C’est la vie!
*
*
"Pourquoi faire ce tas de plaisirs, de frissons, de caresses, de pauvres promesses ?
A quoi bon se laisser reprendre
Le coeur en chamade,
Ne rien y comprendre,
C'est une embuscade,

L'amour ça ne va pas,
C'est pas du Yves Saint Laurent,
Ca ne tombe pas parfaitement,
Si je ne trouve pas mon style ce n'est pas faute d'essayer,
Et l'amour j'laisse tomber !"
(Carla Bruni)

domingo, 17 de maio de 2009

Ela era uma mentira.



“Os velhos olhos vermelhos voltaram/ Dessa vez/ Com o mundo nas costas/ E a cidade nos pés” (Capital Inicial)



Era uma menina de amor único, puro e sincero...
Agora é alguém com os olhos vermelhos se olhando no espelho de uma casa que não conhece. Ela tenta em vão lembrar-se de algo que a faça sentir-se melhor, sentir-se amada... Tenta se sentir um pouco melhor do que aquilo em que se tornara.
No espelho ela só consegue ver a solidão, o vazio e a maquiagem borrada.
No coração, uma vontade imensa de abraçar alguém que tenha alguma história na sua vida, mas não há.
Ela queria viver, queria sentir, queria aproveitar a vida... Talvez se ela exagerasse, talvez se perdesse seus sentidos, ela esqueceria a dor que carrega no peito, esqueceria suas angustias, suas dúvidas e segredos.
Mas não esqueceu, pelo contrário. Alí, naquele espelho, era notável que a menina apenas tinha esquecido sua identidade e a noite anterior, mas e se aquilo fosse apenas o que lhe restava? Foi o que ela pensou a princípio, e chorou, chorou por ver que toda aquela cidade não era capaz de afastar os seus sentimentos dela mesma, percebeu que pra onde fosse os levaria com ela.
Secou as lagrimas e seguiu, seguiu interpretando como ninguém o papel de alguém que simplesmente não se importa, e ela conseguia enganar a todos, pelo menos durante quase todo o tempo, já lhe era o suficiente, não se podia exigir mais do que isso! Afinal, ela se tornara uma mentira!


Surto breve de saudade!



“Mas o tempo todo, ainda, converso e te mostro tudo, o tempo todo. O tempo todo. O tempo todo. Não porque sou sozinha. Não porque era menos sozinha com você. Apenas porque apenas. “ (Tati Bernardi)

E quanto mais eu fico feliz, quanto mais as coisas dão certo, quanto mais eu aprendo a viver sem você, mas eu faço questão de te ter do meu lado. Eu realmente não preciso de ti pra ser feliz, mas eu quero tanto compartilhar todo este turbilhão de alegria com você.
Quero mesmo te dizer que encontrei pessoas que gostem de mim, amigos que me fazem sentir completa, que minha família é linda e iriam adorar te conhecer. Quero te contar que minha vó está melhor e eu estou animada com a recuperação dela. Quero fazer uma grande festa e convidar todos os seus amigos, agora eles podem falar as besteiras de sempre que eu não me importaria, porque descobri que sou igualzinha a eles. Quero viajar com você, falar besteira, viver leve (aprendi a ser leve e estou me adorando deste jeito), quero ter uma vida ao seu lado sem querer nada em troca, e quero te amar, simples e intensamente, com tudo que temos direito, porque descobri que a vida é uma só e precisamos apenas viver. Quero e quero tanto, e no entanto não posso nem te falar o quanto quero. Agora é tarde.
Fui muito ingênua em acreditar que um amor tão longo e forte iria se acabar assim, com a simples resolução do “é assim que tem que ser”. Realmente é assim que tem ser, acabou, é fácil de entender, mas porque então me sinto tão vazia?
Resolvi sentir, aproveitar e me apaixonar todos os dias, quando não me apaixono por outros então tenho a opção de me apaixonar por mim mesma, e descubro o quanto sou apaixonante, afinal de contas, me faz muito bem estar apaixonada por mim. E me engano, uma vez mais, porque estas paixonites não me fazem te esquecer.
Não te esqueci e talvez nunca te esqueça, preciso aprender a conviver com isso e me libertar da necessidade que tenho de você. Mas não tenho receita disso, não sei fazer isso... Sei me divertir, sei amar, sei ser forte, ser inteligente, ser mulher.... Mas não sei ser alguém que não te ama.
Ninguém entende, todo mundo no fundo me julga um pouco maluca por te amar tão platonicamente, por ter uma vida linda e não conseguir te esquecer. É que, infelizmente, te arrancar de mim não é como arrancar um dente, dolorido mas definitivo, é algo que fica aqui, às vezes quietinho e outras corroendo tudo por dentro.
Eu só queria um fim, não me importaria se fosse dolorido ou apaixonante, mas apenas me libertar desta necessidade de você. De querer sem nem saber o porquê. Desta maluquice toda.

Ufa! Desabafei, passou... agora posso voltar pra minha vida feliz em que finjo nunca ter te conhecido.
Até o próximo surto de saudade.

"(...) por que se eu sou feliz com a vida que tenho você me faz tanta falta?" (idem)


quinta-feira, 7 de maio de 2009

Ô gente complicada!


"Meu coração tem asas, minha razão anda a pé. Quem chegar primeiro LEVA” Fernanda Mello

Este texto é apenas um apelo. Pessoas: sejam menos chatas, menos difíceis e um pouco mais românticas.
Acordei romântica hoje, e ando acordando já faz alguns dias, quero mesmo viver um grande amor nem se, para que isso aconteça, eu tiver que cometer grandes burradas, me atirar de cabeça e errar quatrocentas e setenta e três vezes.
Portanto, se você não quer o mesmo, se você é do tipo que morre de medo de qualquer coisa que não seja sua mãe te dando um chá a noite, ou se você é simplesmente chato demais (assim, “chato” simplesmente, porque tem pessoas que tem o dom de ser chato e não há empolgação que o faça mudar), ou se você simplesmente gosta de vida morna, então me deixe nas minhas divagações sozinha, saia do meu caminho antes que você seja atropelado, atropelado por mim e por alguém que esteja de braços dados comigo, porque a vida é assim, se você dorme no ponto e meu telefone toca, você perdeu.
Se você quer jogar, jogue, mas saiba jogar, não me deixe perceber seu jogo que daí então eu tenho vontade de tirar uma soneca logo ali no tapete do lado do teu pé. Seja mais inteligente que eu nestes assuntos, não é difícil acredite, em casos de amor sou mais burra que uma porta.
Agora uma coisa é fato,deveria existir uma regra que todos os caras bonitos não pudessem ser chatos, porque esta coisa de escolher anda muito difícil, está tudo certo, você já sabe que pode se apaixonar por aquele menino porque ele é bonito de um jeito que nem Afrodite acreditaria e daí então você resolve conversar e o cara é insuportavelmente chato. Ou quando é legal simplesmente não te da vontade porque a química tem que se fazer presente.
E daí você fica neste vai e vem de paixonites agudas, sem saber a quem escolher e ainda te julgam como alguém indecisa, ou descontrolada, ou ainda vulnerável. Não é esta a questão, a questão é que o mundo anda muito pobre de pessoas realmente apaixonantes, então você tem que inventar varias paixonites até achar alguém que realmente te empolgue a viver um grande amor. É fácil de entender: eu quero voar, se for preciso vários apoios pra sustentar meu vôo então ficarei com os vários, agora se fores capaz o suficiente de voar comigo então voaremos juntos, simples não?
Ou seja, dá pra tocar logo minha campainha, me seqüestrar e concordar comigo que em paixão não pode existir tédio?

terça-feira, 5 de maio de 2009

Por coragem, por fé e por um amor do tamanho do mundo!



“Me resolvi por subir na pedra mais alta
Pra te enxergar sorrindo da pedra mais alta
Contemplar teu ar, teu movimento, teu canto
Olhos feito pérola, cabelo feito manto”
(Teatro Mágico)

Desde pequena sou a mais paparicada de todas as netas... Mesmo quando achas minhas histórias uma grande loucura, fazes questão de entrar na brincadeira e viaja em nosso mundo tão secreto.
Porém de repente me colocas uma verdade à tona: o mundo não é inteiro de fantasias e as vezes as pessoas realmente precisam da gente.
Não fui criada pra ter medo de desafio, pra ser egoísta e nem tão pouco mal agradecida. Tu ajudaste a me criar e entre tantas brincadeiras e musicas que aprendi contigo aprendi a ser humana, por isso se é o que precisas de alguém humana o suficiente pra te ajudares a levantar é o que farei.
Não digo que te daria meus braços, ou minhas pernas, tudo isso é clichê demais ao amor de verdade, mas digo que farei de tudo para teres seus braços com a mesma força para pentear meus cabelos como outrora e nos pés a mesma disponibilidade para andar por todo o nosso bairro fazendo amizade com todas as pessoas que encontrares.
Garanto-te a vida e a felicidade. Não vou te deixar morrer a cada dia, eu não seria tão cruel comigo mesma.
Às vezes, como uma peripécia dos anjinhos, a gente é obrigado a ver (de maneira bem triste) o que realmente nos motiva a viver. A partir daí as coisas começam a fazer mais sentido.

sábado, 2 de maio de 2009

Saudade egoísta do não precisares de mim!


"Uma das piores coisas que você pode sentir é a sensação de ver alguém de quem você sempre dependeu, dependendo de você...". (Anos Incríveis)

Era ela que penteava meus cabelos do jeito mais bonito quando criança deixando sempre lisinho da forma que eu adorava, era a que fazia o bolo mais gostoso e sempre esperava com ele no forno para o momento que eu chegasse, era minha parceira de truco e de falar bobagem.
Agora é a que me pede ajuda para comer, que não consegue se levantar direito e precisa realmente que eu corte suas unhas, é alguém que precisa de um pouco do que me deu.
Eu ainda continuo lhe oferecendo o falar bobagens e o truco, e ela aceita, ela sorri. E aquele sorriso é o que eu queria pra sempre na minha memória. Mas do lado de cá me vejo como a criança frágil que só consegue alegrá-la, que tem vontade de chorar quando vê que ela não consegue fazer as coisas sozinha, que ainda não tem coragem de pentear os cabelos dela porque ainda queria ter os meus penteados. Sinto-me pequena e com uma responsabilidade que não sabe ser útil.
Talvez se eu tivesse mãos mais firmes, coração mais forte ou um bom curso de enfermagem eu poderia ser melhor, poderia fazer o que realmente devo fazer. E continuo fazendo-a sorrir e saindo de fininho quando tenho vontade de chorar...