domingo, 17 de maio de 2009

Ela era uma mentira.



“Os velhos olhos vermelhos voltaram/ Dessa vez/ Com o mundo nas costas/ E a cidade nos pés” (Capital Inicial)



Era uma menina de amor único, puro e sincero...
Agora é alguém com os olhos vermelhos se olhando no espelho de uma casa que não conhece. Ela tenta em vão lembrar-se de algo que a faça sentir-se melhor, sentir-se amada... Tenta se sentir um pouco melhor do que aquilo em que se tornara.
No espelho ela só consegue ver a solidão, o vazio e a maquiagem borrada.
No coração, uma vontade imensa de abraçar alguém que tenha alguma história na sua vida, mas não há.
Ela queria viver, queria sentir, queria aproveitar a vida... Talvez se ela exagerasse, talvez se perdesse seus sentidos, ela esqueceria a dor que carrega no peito, esqueceria suas angustias, suas dúvidas e segredos.
Mas não esqueceu, pelo contrário. Alí, naquele espelho, era notável que a menina apenas tinha esquecido sua identidade e a noite anterior, mas e se aquilo fosse apenas o que lhe restava? Foi o que ela pensou a princípio, e chorou, chorou por ver que toda aquela cidade não era capaz de afastar os seus sentimentos dela mesma, percebeu que pra onde fosse os levaria com ela.
Secou as lagrimas e seguiu, seguiu interpretando como ninguém o papel de alguém que simplesmente não se importa, e ela conseguia enganar a todos, pelo menos durante quase todo o tempo, já lhe era o suficiente, não se podia exigir mais do que isso! Afinal, ela se tornara uma mentira!


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