segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Eu VOU só!



(Texto livremente inspirado na imagem, na música, na terra, no cheiro, na cor... e em mim)

Podia ter caído e não querer levantar. Podia me lamentar, me ausentar, me abandonar... Podia ter ficado com preguiça de amar.
Mas a terra está molhada (terra molhada pede pra ser plantada e minha vista pede paisagem).
Eu, da janela do meu quarto, devo admitir, ainda olhava a tudo um pouco desconfiada, sem saber se o que era flor em mim já tinha brotado o suficiente pra me expandir.
Pensava se não era melhor aumentar o tempo de semeio até que as sementes brotassem pela minha pele.
Foi aí que avistei um fino raio de sol, ainda tímido, mas fazendo brilhar pequenas gotinhas que insistiam em cair fingindo ser garoa, lembrando-me de ditados, de cores, de cheiros e sensações, que eram minhas e que não vinham de ninguém, eram minhas e do meu contato com o que é natural.
Quando me vi, estava ali, respirando outros ares, brincando de recomeçar, partindo de mim, pousando em mim. Fazendo daquela terra molhada meu futuro jardim, com sementes que nasciam do meu olhar de criança que só quer brincar, de mulher que é capaz de amar (principalmente a si mesma).


“Eu vou só
Vou buscando um tempo de sonhar
Vou chegar
Vai saber
Que muda o dia de qualquer um
Se o sol chegar, é bom
Tudo é melhor
Com essa cor

No fundo
O mundo é que nem um
Chão de sementes
Eu faço da terra molhada
O meu jardim
Espero as flores se abrirem
Como se a gente soubesse
Que o amor nunca vai ter fim”

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