quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O dia em que a menina foi morar no jardim!


A menina decidiu morar no jardim, ou foi o jardim que escolheu a menina? Ela não sabia responder, mas estava confiante de que havia apenas duas possibilidades para o problema que tinha em mãos: ou ela mataria o jardim (folha por folha) ou nunca mais sairia dali. Era preciso matar o jardim, colocar fogo nas lindas flores que ela havia cultivado durante tanto tempo, mas pra isso acontecer ela teria que se desapegar totalmente dele.
Fingir que ele não era importante, ou que as flores que alguns moços lhe presenteavam eram melhores e mais bonitas não adiantava mais (ainda que fossem realmente). Por isso ela foi morar no jardim, pra se cansar dele, pra enjoar (do perfume, da cor e, principalmente, dos espinhos).
Estava convicta de que se percebesse o trabalho que dava cultivar o jardim, da dor que causava os espinhos e o sol quente, da tristeza de tentar plantar alguma flor bonita e tê-la morta por ervas daninhas... daí sim, ela ia conseguir se livrar do amor pelo jardim.
Era ainda o primeiro dia e a ausência de sua casa, de sua cama, e das flores de bouquet na janela já causava tristeza. Mas ela era menina decidida e teimosa, por isso continuaria ali, continuaria fingindo que por enquanto estava bem, tranqüila e satisfeita. Aos poucos, ela tinha certeza, o sentimento pelo jardim iria mudar, enjoaria da rejeição que ele fazia questão de demonstrar por ela, e ainda tinha esperanças de que a cada dia choraria menos antes de dormir... até o dia que simplesmente não choraria mais.

"Eu sei, eu sei, o eterno clichê “isso passa”. Passa sim e, quando passar, algo muito mais triste vai acontecer: eu não vou mais te amar.
É triste saber que um dia vou ver você passar e não sentir cada milímetro do meu corpo arder e enjoar. É triste saber que um dia vou ouvir sua voz ou olhar seu rosto e o resto do mundo não vai desaparecer. O fim do amor é ainda mais triste do que o nosso fim.
Meu amor está cansado, surrado, ele quer me deixar para renascer depois, lindo e puro, em outro canto, mas eu não quero outro canto, eu quero insistir no nosso canto.
Eu me agarro à beiradinha do meu amor, eu imploro pra que ele fique, ainda que doa mais do que cabe em mim, eu imploro pra que pelo menos esse amor que eu sinto por você não me deixe, pelo menos ele, ainda que insuportável, não desista."
Tati Bernardi

2 comentários:

  1. Seus textos sempre são belissimos...Estou ficando viciada neles.... ^^

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  2. Ai que lindoo este.. todos né..
    mas este tem cheiro de "tá, vamos recomeçar"..
    e eu gosto disso, mesmo sabendo que falar é tão mais fácil..
    to aqui guria e vcê sabe disso.. pra começar, recomeçar, apagar tudo e começar de novo quantas vezes for preciso! :D

    te amo!

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