quarta-feira, 29 de abril de 2009

Novos ares!



"Se me soltar, irei voar. Se te soltar, iras cair." (Magno Batista Correa)


E não é que eu quis te dar um amor tão grande, mas tão grande que nenhum de nós acreditou na existência do mesmo?
Pode ser que quis ser altruista demais em querer dar-te o brilho que não acreditas ter ou até mesmo que era aquela tal mania de sentir... e por ter mania de sentir meu olhar foi pego de surpresa por um outro que passava ali do nosso lado, enquanto você estava tão necessitado de seu próprio ego.
Acabei apaixonada por um olhar de menino sapeca, por um olhar de conquista, por um olhar que não é teu.
O resultado foi que agora meu amor é de outro, aquele amor grande que, na verdade, tínhamos razão, nem era amor.
Quanto ao de agora, que pertence ao menino sapeca, só posso revelar que estou ocupada demais sentindo pra ter tempo de entendê-lo.
Vida fácil esta de ser o tempo todo leve, simples e apaixonada.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

C'est la vie!


"Fui feliz.
Fui triste.
Te perdi.
Me encontrei.
Assim é a vida. "
Fernanda Mello

“Agora, eu sei, posso cair, e o vento na cara, gelado, vertigem, enjôo, desespero, que medo, dá até pra morrer mas é assim que, acho eu, se vive com coragem.” Tati Bernardi


De repente vi na minha frente a única pessoa que eu podia amar tão intensamente quanto desejo, sabendo que ela sempre dará amor em troca.
Me amei!
Descobri que posso brincar sozinha e me divertir de uma maneira que nunca pensei, que sou apaixonada pela minha maneira de ser, descobri que me basto. Também descobri que posso parecer ser bonita, inteligente, carinhosa, compreensiva, brincalhona, sexy... com quem eu desejar, no momento que eu desejar... que posso ser apaixonante, que posso conquistar.
Percebi que um bom amor sempre será curado com uma boa piada, uma dose de vinho e chocolates. Que posso me levantar de qualquer tombo e ser ainda mais feliz do que era antes. Que não preciso ir contra a minha sede de sentir, que posso errar, amar com imensa intensidade várias vezes no dia e que, por tudo que há de mais sagrado, eu posso me confundir nos meus intensos sentimentos.
Meu corpo é instrumento pra minha felicidade, meu cérebro pro meu sucesso, minha alma pra minha paz interior e meu coração... meu coração é pra quem eu quiser, principalmente pra mim mesma.
Esta sensação de liberdade, de não ser propriedade de ninguém e ao mesmo tempo de ser de quem quiser levar - já que ando tão leve ultimamente – me veio como uma possibilidade de sentir o mundo, de falar o que penso e de brincar, decidi que não quero levar o mundo tão a serio, e principalmente não quero me levar tão a serio. Quero o mundo inteiro para mim – pelo menos aquele que construo diariamente - como se fossem bolinhas de sabão, que eu posso brincar de fazer do tamanho que eu quero, que posso ver de cores diferentes, que posso estourar e fazer outro ou ainda que posso segurar na mão delicadamente.
Quero reinventar tudo a minha volta e me reinventar todos os dias.
Um dia sei que provavelmente encontrarei alguém que não tem medo de amar grande e vai me deixar amar lado a lado, olhando pro mesmo horizonte. E, pelo próprio romantismo, sei que a cada dia me encontro mais perto de encontrar, e que o caminho principal para isso eu já entendi: já me amo o suficiente para querer sem precisar. Agora o que for pra ser eterno, poderá então ser verdadeiro também. Até lá vou brincando com meu espelho e espalhando minha alegria a quem quiser brincar de fazer bolinha de sabão.
(Principalmente se for algum garoto que em meio às brincadeiras de criança possa me tirar o fôlego como mulher)

"Você deve se amar - não estou falando de arrogância
mas de um respeito saudável por você mesmo -
e quando você ama a si mesmo você ama a outros
."

sexta-feira, 24 de abril de 2009

"Almejas voar, mas temes ficar tonto?"


“É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo.” (C.L)

Ô sua anta, você não tinha dito que havia prometido sentir, que agora as coisas seriam diferentes, que experimentaria de tudo possível sem pensar nas conseqüências? Então me responda, o que foi aquele ato idiota de parar o que te faz bem? De te proibir sentir o que não é ilícito e nem imoral?
Ah claro, para você tudo tem que ser correto, bonito e perfeito? Pois bem, o mundo não é assim, as pessoas não são assim, não estão todas dentro de um quadro esperando para que você as de a cor necessária para ganharem beleza. Talvez isso que te irrite: como as pessoas que tem cores tão diferentes das que você gosta conseguem te mostrar tanta beleza? Não é?
Por favor, menina, aprenda que para sentir você tem que aprender a não pensar, não fazer juízos de valor e respeitar um pouco mais a tentativa das pessoas, respeitar a beleza delas como são e valorizar isso não apenas com o coração mas com a mente.
Nunca nada vai ser perfeito, esta sua vontade de sempre acertar e fazer tudo certo não é constante em todas as pessoas, ou talvez o seja e elas realmente estão tentando fazer tudo perfeito, mas o perfeito delas seja diferente do teu.
Não te arrependas pelo que fez, mas sim por aquilo que deixaste de fazer, pois nunca saberá se havia sido o certo ou o errado, se teria gostado, se te mudaria em alguma coisa.
O simples ato de não fazer algo que você não saiba ser o certo, te faz pensar que desta maneira você não erra? Coitada de você, menina, nunca saberá o que é viver de verdade, amar sem explicação e ter a beleza de saber que errou tantas vezes pensando acertar.
As palavras podem ser bonitas no texto, podem até mesmo dar uma coragem ao explodir pro mundo, mas se as mudanças não deixarem o papel e se mostrarem no teu corpo, de nada adiantarão as palavras bonitas.

“Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar.” (C.L)

terça-feira, 21 de abril de 2009

Me deixa ter preguiça!


Eu queria mesmo dominar o mundo, sentir todas as vibrações, pintar de colorido todos os pensamentos... mas isso tudo eu queria para ONTEM, hoje eu só queria ser dominada pela preguiça.
Me deixa dormir bem fofinha no meu edredom o dia inteiro, sem pensar em comer, telefonar, conversar , namorar, estudar e trabalhar?
Que vida difícil esta de ter que ser a aluna que tem respostas pra tudo – que entrega teu TCC com seis meses de antecedência - , a profissional que tem idéias a qualquer momento, a filha dedicada que acorda para mandar o email e salvar a vida dos pais que estão viajando, a irmã que da um jeito de levar o documento do carro pro irmão que esqueceu, a amiga que resolve os problemas pessoais de todo mundo, a guria que se preocupa com o problema de saúde do teu quase ficante, a mulher que tem que se maquiar, arrumar cabelo, colocar um salto alto e sair empolgada pra curtir um show com o possível futuro alguma coisa (que não é o mesmo que o anterior eu sei, mas e daí, eu gosto de ter problemas ao dobro), a possível esposa ideal que tem que lembrar de inventar uma boa desculpa para mandar uma mensagem cancelando o jantar acompanhado de vinho que o outro esta preparando faz três semanas e que talvez , apesar de ser um convite saboroso e perfeito, você nem queira...
Hoje eu só quero morar num sitio e não ter ninguém me falando absolutamente nada.
Não sei porque procuro os problemas, afinal eu não preciso realmente tirar a maior nota sempre, não tenho realmente que fazer mais do que meu serviço pede, não tenho que atender as ligações do meu pai e COM CERTEZA não tenho que ter tantos relacionamentos (que juntando tudo não da UM completo) mas eu gosto, gosto de falar que vivo a vida intensamente, e daí no dia que eu só queria jogar tudo pro alto e ir morar numa casinha de sapé as pessoas acham que estou ficando maluca. Posso dormir até as 5 horas da tarde, por favor? Posso não atender sua ligação? Posso decidir não fazer o trabalho de fechamento do semestre? Posso não querer responder aquele email que tenho que pensar muito bem antes? Posso ser só alguém embaixo de um edredom, por favor?
POR FAVOR, me deixa riscar este dia do calendário e fingir que não tinha ABSOLUTAMENTE nada pra fazer? Alias, posso me lembrar que não tenho a mínima obrigação de escrever nenhum texto hoje, fechar esta janelinha e ir dormir? Hmmm Posso.



"Peut-être oui, peut-être non
Ca m'est égal de toute façon
À gauche, à droite, ça, je n'sais pas
De haut en bas, oui, pourquoi pas
Un jour où l'autre, on verra bien.
Toujours remettre au lendemain
Ce que je peux faire ce matin
Je ne sais pas me prendre en main... "
(Indécise - Coralie Clément)

É hora de voar!



“Amanheceu
É hora de voar...
Sigo meu instinto animal,
Cruzo mil fronteiras
Garimpando amor,
Semeador.
De tanto voar achei você,
Multicolorido exatamente igual
Ao meu astral.”

As asas de um pássaro não podem nunca pesar. Portanto me livrei das mágoas, dos rancores e dos nãos.
Se algo me foi feito de ruim, que esta coisa fique com aquele que me fez, não ficará mais comigo. Joguei tudo fora e fiquei pronta para voar.
Voarei hoje, amanhã e depois. Sem rumo e sem destino. Voar pela simples sensação do vôo.
Eu não tenho medo nenhum, talvez todos os tombos deste pássaro serviram para fortalecer sua asa aos novos vôos. Todos os caminhos diferentes que me levaram ao que sou hoje, me serviu para colorir ainda mais as minhas asas.
Hoje de asas fortes e coloridas sinto-me completamente plena da vontade de amar. Amar a mim mesma, aos que me são queridos, à vida, ao acordar diário, aos problemas diários, e o amar de alma gêmea. Amarei todas as almas ate encontrar a minha gêmea. Sem medo e sem limite. Amar.
Ontem acordei apaixonada, hoje acordei apaixonada, e Deus queira que todos os dias sejam assim. Afinal, é hora de voar!

Companhia para sentir!


Alma limpa, sorriso no rosto e ótima companhia.
Quem tem amigos tem anjos ao lado, anjos de fazer sorrir.
Ninguém entende a loucura de gargalhar sem motivo, de gritar sem parar, de pular sem rumo, de celebrar o nascimento do dia e de querer viver da forma mais intensa possível.
Escolho meus amigos pela disponibilidade à loucura. Se você não puder rolar no chão que nem criança de vez em quando só pra provar que não tem medo de sujar a roupa, ou ainda não entender o porque há a necessidade de balançar o corpo inteiro pra dançar totalmente diferente de todo mundo, não serves para eu te chamar de ‘meu amigo’.
Felizmente, muitas pessoas me acompanham na tentativa de tornar o mundo um pouco mais colorido. Então assim sou feliz por ficar colorida junto com o mundo que fazemos.
Há nisso tudo uma felicidade que não se pode explicar. Felicidade que vai desde o prazer pelo cotidiano – de dividir momentos comuns de minha vida – até as grandes emoções e aventuras – até mesmo porque vida deve ser contada pelos momentos que você perdeu o fôlego.
E quero perder o fôlego, quero cantar bem alto, quero dançar diferente e quero ser feliz. Pelo amor de Deus, seja feliz! E quem quiser compartilhar desta montanha russa comigo... quem quiser dividir comigo o paraíso sinta-se a vontade, mas só se candidate se sua vontade de sentir ultrapassar as barreiras do entendimento. Porque eu decidi sentir.

“Não vou desperdiçar alegria
Amor, não precisa de filosofia”
Frejat

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Um brinde à paixão de cada dia!



Me apaixono todo dia e é sempre a pessoa errada” * (Love in the afternoon – L.U.)

Não, não sou alguém vulnerável e quase nunca mudo de opinião. Mas ando numa fase de ter muito amor pra dar, e quando a gente descobre que nosso amor é grande demais pra dar pra quem gosta de amar pequeno temos que aprender a dividir este amor em várias porções.
Já me amo o suficiente - as vezes acho que sou até um pouco egocêntrica por excesso de auto-amor - então fico cá pensando, se além do amor que dedico a mim mesma, eu ficar guardando em meu coração: os amores que destinei àqueles que se contentam com pouco, mais o amor que recebo dos outros de presente pra mim... eu ficarei completamente insuportável, egoísta, e orgulhosa. Não me sentiria bem assim, então teimo em dividir o meu amor.
Pra ser bem sincera, o amor – amor de verdade -não divido não. Este é reservadissimo para uns poucos e bons que têm a paciência de me suportar. Mas a paixão... ah a paixão é passageira e completamente construída. Então brinco de castelo de paixão todos os dias, assim como os castelos de areia, os da paixão também se vão com o aumento da maré e logo construo um novo, levando sempre como uma brincadeira de criança.
Certo dia resolvi me apaixonar por um menino que morava longe e que depois foi pra bem mais longe, por estar longe eu achava que era paixão eterna, mas um dia ele teve o azar de voltar, sendo assim acabou a paixão, a maré encheu. Teve também o que me levava pra passear no carrossel, mas nunca havia perguntado se eu gostava de carrossel, este então a maré encheu rapidamente. Outros que me faziam largar tudo e fazer a mala pra viajar pro Acre, mesmo sem saber se era uma viagem real, mas no meio do arrumar as malas eu acabava por pegar no sono. O de dias atrás foi o do parquinho, que acha que tenho que ir todos os dias no parquinho para encontrá-lo, pois bem, até tentei caminhar até o parquinho outras vezes para encontrá-lo, mas sabe como é, no meio do caminho tinham tantos atrativos interessantes que acabei me perdendo intencionalmente.
Hoje fiquei completamente apaixonada por um menino que passou do meu lado, ficou me olhando o tempo inteiro e depois se virou para olhar mais um pouco. Tem coisa mais sedutora do que um desconhecido se permitindo te paquerar? Me apaixonei pela impulsividade, pela liberdade e por ele ser lindo de morrer, não havia como não me apaixonar. Por hoje então ele é o amor da minha vida, com plena convicção de que não será amanhã. Porque amanhã é outro dia e teimarei em não passar pela mesma rua. Esta coisa de se apaixonar várias vezes pela mesma pessoa pode se tornar perigosa aos medrosos, então prefiro fazer as diversas paixões mudarem meu dia e não os vários dias mudarem minha paixão.
E assim vou levando, cheia de amor, ávida por novidade. Sou carente por natureza mas preciso de bem pouco para ser feliz, contudo quando o assunto é paixão não, paixão deve ser assunto grande e urgente, deve tirar o fôlego e fazer não pensar, porque se eu parar pra pensar se te quero ou não quero, daí pode ser que eu nem te queira mais, pode ser que eu comece a pensar sobre o horário no salão de beleza ou o artigo que tenho que publicar até o final do mês, e me esqueça completamente de me apaixonar por você.
Pode ser que um dia eu me apaixone por alguém e continue apaixonada por este homem no outro dia, e no outro... e no outro. Porém muito provavelmente, ele terá que saber que paixão não é igual todos os dias, que a vontade de se apaixonar é constante, porém, tem cores diferentes, sendo assim exige formas diferentes de conquista. Terá que saber que para se apaixonar temos que antes de tudo nos permitir o parecer idiota, o não ter medo de ousar e o querer fazer sempre um pouco mais do que ontem. Fica aqui então a promessa, que quando encontrar este alguém, daí sim pararei de transformar minha paixão em porções e meu medo em alternativa de vida.

“Já sei namorar/ Já sei chutar a bola/ Agora só me falta ganhar/ Não tenho juíz/ Se você quer a vida em jogo/ Eu quero é ser feliz.
(Já sei namorar – Tribalistas)


quinta-feira, 16 de abril de 2009

Sorte a tua!


“Te conheco demais pra saber
Que tenho os pes gelados
Cabelo embaraçado
Mas eu quero ficar com você
Mesmo que eu nunca venha a dizer
Eu não sei de nada
Mas quero mudar nada
So os teus olhos olhando pros meus
E o seu sorriso sem graca depois
E tudo o que eu mais quero”
(Tudo o que eu mais quero – Iris Bassi)


A sua sorte é que você é bonito demais. Doce demais. Chato demais. Metido demais. Gostoso demais. Brincalhão demais... A sua sorte é que você sou eu demais.
Se eu não gostasse tanto de você eu até poderia tentar te odiar. Mas você tem sorte, acredite, a sorte é toda tua.
E eu vou e volto com a mesma facilidade. Tenho razão e te dou razão, nem ligo quero mais é brincar. A sua sorte é que você entende minhas piadas. Que você faz piadas divertidas.
Você vai e volta com tanta facilidade. Tens razão e me da razão, nem ligas. Queres mais é brincar e eu entro na brincadeira, em qualquer brincadeira.
Eu poderia muito bem nem querer saber de você. Podia passar do teu lado e não me importar, podia, alias, ver-te sendo paquerado por outras e não me importar, mas sabe, não é que você tem sorte de me ter do teu lado?
Devias me agradecer por eu perder meu tempo com você, de você nem pedir para que eu perca o tempo por você. Tens sorte também de eu pedir para que você fique um pouco mais, e tens sorte de pensar em me pedir pra ficar. Temos sorte de sermos um pouco irresponsáveis, egoístas e fáceis.
Como bem sabes, a sorte é sempre tua. Hoje foi teu dia de sorte. Amanhã nem sei, talvez nem queira mais, ou queira com total intensidade que te devore inteiro, depende de como estará sua sorte amanhã.
Eu quero te beijar, ficar quietinha dentro do teu abraço grande e me colocar no teu colo. Porque na verdade eu tenho muita sorte, e quero compartilhar da minha sorte com você, ultimamente ando um pouco altruísta demais. Sorte a tua.
Seria muita sorte a tua se eu desejasse te amar, mesmo porque prometi que amarias o próximo mais do que o último, e acredite, isso quer dizer que sua sorte seria imensa. Sorte demais seria se eu finalmente aprendesse a amar simples com você, este anda sendo meu maior desejo, seria sorte sua se acontecesse contigo. Talvez então eu descobrisse o que é querer, o que é permitir, o que é paixão... e talvez eu até descobrisse que de repente é mesmo amor.
Depende! Depende se vais continuar a me seduzir com este teu jeito de menino que sonha com o mundo e que não quer deixar os meus lábios. Porque se me colocares nos teus planos e não tirares as vendas dos meus olhos eu vou voar sem pensar. Mas digo isso por hoje... porque hoje é teu dia de sorte!

Surpresa no parquinho!



“Eu posso seguir tranquila, sem pressa pra voar
Eu posso chegar bem longe
Eu posso ganhar o Mundo
Mas hoje eu só quero o horizonte e você comigo!” (Horizonte - Claudia Leitte)

Como havia prometido, levantou-se e foi brincar pelo bairro, acabou por se encontrar no parquinho novamente. Encontrar-se com ela mesma e encontrar-se com o menino do parquinho. Foi chegando bem devagar observando o menino que brincava no balanço – aquele que eles achavam ser o melhor brinquedo – não sabia qual seria a atitude do menino, não sabia se a saudade também era presente nele, não sabia nem se podia se oferecer pra brincar. Quando o menino a viu, sorriu e olhou o balanço do lado. Ela sentou-se rapidamente sem nem pensar no que fazia e começou a brincar.
Os dois faziam o balanço se movimentar, lado a lado, cada vez mais alto, mais alto, e mais alto, até que num repente os dois soltaram as cordas e voaram juntos até caírem os dois no chão, a menina ria porque achava esta a melhor parte, o menino olhava a menina, e sem pensar em nada: eles se beijaram. Ali, nem se importavam que estavam sujos de areia, que as outras crianças estavam olhando, que o mundo inteiro estivesse ocupado demais, aquele momento era só deles e só aquilo era importante.
Eles se beijaram e sorriram, ali traçavam um pacto de carinho e de amizade. A menina não sabia se já podia falar que tinha um namoradinho no bairro, mas ela estava contente por aquele menino ter feito ela sentir que estava exatamente onde gostaria de estar. O parquinho representava o brincar sem compromisso, sem cobrança, sem pensar, então a menina lembrou-se do que havia combinado consigo mesma, e viu que talvez estivesse no caminho certo.
Em agradecimento ao carinho do menino, a menina também lhe deu um beijo. Por não esperar, o menino começou a rir de nervoso, abraçou a menina e ergueu-a o mais alto que pôde. Ela vendo tudo ao se redor lá do alto e rodando, conseguiu ver coisas que antes ela não via, e ela pensou que talvez era aquilo que chamavam de felicidade simples. E se fosse, ela queria uma boa dose dupla desta alegria.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Primeiro Dia!









“Mesmo assim vou vivendo por acreditar no amor” Rastaclone - Adeus






Abriu os olhos na cama macia, lençol branco e um leve raio de saio entrando pela janela. Não se mexeu, ficou olhando o raio de sol que batia no lustre e fazia imagens bonitas pelo quarto inteiro, sorriu. Ouviu os sons de pássaros lá fora, lembrara dos últimos dias e sorriu num suspiro, sorriso de “vai passar”.
Respirou fundo e deu um salto da cama, correu até a janela e abriu-a num repente, não com força mas a ventania fez com que a janela abrisse rapidamente, assustando a menina. O pequeno raio de sol que entrava através das brexas da cortina invadiu o quarto inteiro. Finalmente ela podia respirar, ar puro pra um coração que se recupera.
Ficou ali por alguns instantes, pensando em absolutamente nada, tudo o que nao queria fazer era pensar. Andando pela varanda conseguiu ver do outro lado da rua o jardim mal-cuidado. Desceu rapido as escadas portada de toda a sua munição. Atravessou a rua contente, ia transformar o jardim sem dono do outro lado da rua no teu jardim, alias se era ele que a contemplava todas as manhãs havia de ser o jardim mais bonito do bairro, ele seria o “bom dia” da menina de toda manhã. Plantou flores coloridas e diversas, pensou também no perfume – para que nas noites especiais dormisse com um singelo aroma invadindo teu quarto -, os pássaros logo começaram a se aproximar e cantavam à menina como se fosse um agradecimento pelo ato dela, mal eles sabiam que ela fazia por si mesma.
A menina aprendera a ser egoista, egoista como nunca foi: egoista consigo mesma, agora assumia suas vontades sem pensar nas consequências, era egoista por fazer o que tem vontade e por ir atras de seus ideais. Não se importava muito se alguém iria vir e derrubar aquele jardim algum dia, ela estava fazendo aquilo por se sentir bem naquele momento, e sabia que não era fazer mal, então nao se importava de ser egoísta, se era isso que chamam de egoismo.
Contudo, quando estava desligada brincando de jogar alpiste aos pássaros, ela parou por um instante e viu o quanto estava feliz fazendo esta ação, se viu feliz por estar fazendo bem, lembrou que ainda nem tinha tomado café da manhã e no entanto estava ali alimentando pássaros, mas ela não se importava com isso, a vida era uma só e isso a fazia bem. Assim a menina lembrou que amar também exige altruismo, mas esta lição ela ja havia aprendido.
Então foi alí que a menina fez um pacto com ela mesma: PROMETERA SENTIR. Pode ser que pareça um pacto fácil de ser cumprido, mas ela era menina de querer entender, e sentir é algo que exije não pensar. Deste pacto ela pensou em várias decisões, decidiu que teu próximo amor (porque ela estava empolgada em saber quem seria o próximo) seria mais intenso que o último e menos que o próximo (agiria assim até encontrar o especial). Que seria leve com aqueles que amava, não colocaria barreiras para ser amada, pelo contrário, seria fácil, doce e simples – percebeu finalmente que amor não era feito de tratados ou cálculos matemáticos. Iria se doar mais e quantas vezes fosse necessário (parece que a menina percebeu que amor pode ser curado com chocolate e brincadeira, que o machucado que sangra na hora do tombo se cura depois do chororô, e disso ela entendia). Não se culparia e nem se arrependeria de seus erros. Não culparia ninguém pelos seus erros – ou de quem quer que seja. Iria errar o máximo possível, mesmo quando não souber se o erro é necessário, afinal amar não era pensar. E pra finalizar: seria sua melhor amiga!
Terminado de cuidar dos pássaros amigos e das flores, percebeu que tinha pensado demais pra um dia inteiro. O dia era de sol e vento, dia perfeito pra brincar de correr e dançar. E era isso que ela faria durante o dia inteiro. Ainda estava cedo, mas a menina tava esperançosa que seu plano de ser feliz de jeito simples ia dar certo, e colocaria ele em prática a partir daquele instante. Lembrara que existia o parquinho perto da sua casa e um bairro inteiro pra descobrir novos horizontes. Hoje ela daria uma folga aos pensamentos e iria brincar!



"Ainda é cedo, não tenho pressa
Não vejo mais a dor de quem sofreu por um maldito amor”
Rastaclone - Adeus

domingo, 12 de abril de 2009

Quando a menina se percebeu uma só!



(ou “Larga tudo e vai pro México”)


“Depois de toda luta e cada descanso,quero me levantar forte e pronta,como um cavalo novo.” C.L


A menina acordou de um jeito diferente, pulou da cama, pulou na cama, sentou e riu, gargalhou. Era preciso gargalhar porque a vida era uma grande piada, ela era uma grande piada, estava ali, tinha acordado ali e nem sabia porque, quem disse que aquele lugar era o lugar certo de ela acordar? E se o certo fosse a Rússia, a Escócia ou o Acre?
Ela queria acordar em outros lugares e no entanto todo dia acordava no mesmo lugar, não era motivo pra rir? Pra ela era, então ela riu.
Durante o dia fez varias observações curiosas a seu respeito. Queria saber por que usava as roupas que usava, por que teu corte de cabelo era aquele, por que tua casa era da cor que era, por que ela andava com um pé na frente do outro... Porque as pessoas grandes querem sempre ter um por quê? Daí ela lembrou que era menina, então não precisava ter um por que. Sentiu-se livre finalmente.
Era tão boa a sensação de ser só uma, não queria ser varias pessoas e ao mesmo tempo queria ser gigantesca, não de conhecimentos, mas de coragem. De todas as coragens, queria ter uma coragem engraçada: a de mudar completamente tudo. Pensava ela “se eu só sou eu mesma, então posso ser o que eu quiser”... pensamento esquisito, simples e que no entanto ela sabia que quase ninguém tinha, então ela pensou em guardar este segredo – segredo de “ser capaz” ela intitulou – em um cofre pra que ninguém soubesse. Mas depois refletiu e chegou num pensamento de sabedoria: "como seria bom se todas as pessoas soubessem que podem ser quem são e além disso quem quiserem ser, daí então não ia ter tanta gente confusa atrapalhando meu caminho de ser livre. "
Acho que os pensamentos da menina confundem qualquer leitor, então vou tentar lhes explicar: se você anda numa rua com todas as pessoas andando na mesma direção - indo pelo mesmo caminho - como uma maré todos vão juntos pro caminho onde todos já foram, mas se as pessoas todas descobrem que podem andar em direções contrárias e alternativas, então, seguindo a maré, você ira descobrir um caminho que nunca ninguém esteve, porque cada pessoa vai te levar pra uma direção diferente, inédita.
"Se ninguém entendeu, deixa pra lá, não é algo de pensar. Ou sente ou não sente. "
Então a menina desistiu de explicar e procurou companhia. Qual não foi a surpresa dela quando viu que muita gente queria largar tudo e ir pro México – o México era uma grande metáfora, mas não deixava de ser uma realidade possível – largar tudo e mudar a cor de cabelo, largar tudo e dizer “não”, largar tudo e ser feliz. O plano era infalível e a menina tinha uma necessidade imensa de colocá-lo em pratica.
E todas estas idéias e pensamentos deixaram a menina feliz durante o dia inteiro. Sentiu uma felicidade imensa de pensar que ela era ela, como se fosse uma liberdade, uma liberdade de conhecimento. Sentiu-se sábia como jamais se sentira antes. Era uma menina e no entanto tinha um mundo inteiro pela frente. Podia fazer uma revolução ou apenas pular na sua cama até se cansar.
O tempo era seu aliado, porque ela sabia que por mais que ele passasse ela nunca deixaria de ser criança, já havia feito um acordo com o senhor Cronos, um antigo amigo. Como criança que era ela acreditava em conto de fadas, não a parte que chega a fada e resolve tudo fácil, mas aquela parte que dá certo no final.
E o resto das coisas que haviam em seu manifesto a menina ia aprender a lidar, e com isso ia fazer a revolução, primeiro dentro dela e depois pro mundo inteiro. Afinal, ela era só uma menina – tinha muito tempo pela frente - e, no entanto, já sabia tanta coisa do mundo!


1. Seja honesto
2. Acredite em contos de fadas.
3. Aceite o tempo como seu amigo, e não seu inimigo.
4. Garanta que o sexo seja bom
5. Promova a beleza. Faça uma campanha constante contra a feiúra.
6. Abandone a busca da felicidade e de suas falsas promessas
7. Mostre compaixão
8. Sempre esteja disposto a admitir que errou.
(“Regras do Amor”)

Acordei assassina!



“...Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi.E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com as duas pernas é que posso caminhar.Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar...” C.L.

Havia um algo que morava dentro de mim. Não sei se este algo era gente, bicho ou coisa, mas me parecia mais como bicho, pelas coisas que provocava em mim, quando aumentava meu instinto e diminuía minha razão.
Este bicho – vou tentar chamá-lo assim – entrou em mim sem eu perceber, e dominara meus sentidos e minhas razões. As vezes ficava oculto, quieto - como bicho que dorme - outrora acordava e com isso acordava a casa inteira, a cidade, tudo em volta, fazia tudo girar e eu perder meus sentidos, como se só ele fosse importante dentro de mim, sabia se fazer presente, e vinha a hora que bem entendia.
Como algo paradoxal que era, provocava em mim a alegria de tê-lo, como se pra viver eu tivesse a necessidade de possuí-lo, nem sabia mais lembrar como eu era sem este bicho dentro de mim, parecia até mesmo que já havia nascido com ele, mas não era verdade.
Era um bicho feroz, que me comia inteira por dentro quando resolvia acordar, comia meu estomago, meu intestino, pulmões, pâncreas e fígado. Comia por puro orgulho de me ver sangrar por dentro. Ainda assim me fazia alegre, creio que eu interpretava esta fome toda como uma brincadeira de chamar a atenção.
Dentro desta alegria de sangrar por dentro, eu me sentia indo embora, dando lugar apenas para o bicho que me possuía.
Porém, hoje, acordei assassina. Queria matar o bicho que havia dentro de mim e me libertar assim daquele que, infiltrado nas minhas artérias, estancava meu sangue. Por um momento me veio o instinto maternal, se este bicho estava dentro de mim, havia sido eu sua criadora, sua mãe. Se meu bicho crescera dentro de mim, foi por que eu alimentei, por um momento tive dó, receio e fraqueza. Além de tudo, havia me acostumado a viver com aquele bicho dentro de mim, saberia ainda viver sem ele? Ele não deveria ser importante pra mim, anatomicamente falando não deveria estar ali, mas ele estava, e já era parte de mim.
Eu já nem sabia se possuía o bicho ou se o bicho me possuíra.
Mas hoje, acordei assassina, matei o bicho - sem prazer mas com certeza – com um golpe único e fatal, ele morreu dentro de mim. Vi o sangue do bicho correndo pelo meu rosto, o vi descendo pelo ralo e o vi sangrar em meus pesadelos. Tudo que era do bicho saiu de mim por todos os poros, como se fosse uma sujeira, uma doença.
Hoje meu bicho foi embora, ainda dentro de mim deixou suas marcas, suas feridas... Mas meu organismo tem uma capacidade imensa de auto-recuperação.
O bicho foi embora e deixou comigo a única coisa boa que, realmente, me trouxe durante todo a duração da sua vida, a inspiração que me trazia. Foi embora, mas me deixou o que há de bom em mim: eu.
Aquilo que me possuía foi embora, e aprendi a ser somente uma.
Porque hoje, finalmente, eu acordei assassina.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Enfeitada para voar!



“Eu conheço a imensidão do céu
Pássaro que sou,
Mergulharei de vez
Uma vez ou três.
Duzentos por hora, ou algo mais,
Na velocidade de encontrar você
Te merecer” – Passaros


Seria eu menina com vontade de prender o pássaro, ou o pássaro que vem enfeitar teus dias com minhas histórias?
De repente me vi do outro lado, assumindo outro personagem. Se és o que vem em minha direção sempre, sou eu quem enfeito o nosso encontro com as cores para te encantar.
Se sou eu que quero te prender dentro do meu mundo, és tu que me pede sempre para contar historias. Tua gaiola é minha janela de toda manhã.
Tu é o que viaja pelo mundo, mas minhas historias acontecem sempre dentro dos meus pensamentos, quem será que já foi mais longe?
As suas plumas todas caíram em uma das suas viagens, mas era cair de renovar – pra ganhar novas plumas com cores e formatos diferentes. As minhas não caíram, mas certa vez ficaram opacas de tristeza, e foi bom, porque percebi que as cores podiam vir de dentro de mim mesma, as recolori.
Eu sou menina e você é pássaro, mas quem tem o instinto animal sou eu, você é o que planeja, observa, e espera.
És multicolorido, eu também sou. Cada um tem nas suas asas as cores do que viveu, e desta aquarela se constrói uma historia que poderia ser única. Uma historia que não tem nem personagem definido, eles se revezam, como quem não quer brincar de ser sempre bandido, quer experimentar ser mocinho, e depois pedra, doce, vento, amor, medo, eu, você, você, eu.
História que não tem começo de verdade – porque já começa com exclamação -, que tem um meio que nem me lembro ao certo -é cheio de flashs que teimam em lembrar só do que teve cor bonita- e um final que tem vários finais e nenhum de verdade, como se cada final da nossa historia servisse para tentar ser o começo que não se teve.
Historia de menina e pássaro. Menina que veste suas asas e quer voar em direção ao pássaro. Pássaro que quer tê-la através da saudade. Menina que tem pensamentos coloridos. Menino que voa em direção a menina. Menino e menina. Homem e mulher.
O espelho que deixa egoísta saltou da mão do homem às mãos da mulher. Vendo a si mesma, pensou sobre o fato de ver apenas si mesma durante todo o tempo, durante tanto tempo. Pensou se o espelho não estivera o tempo todo nas mãos dela. Quebrou-o
Queria voar, assumir teu papel de pássaro, de menina, de mulher, de ser uma esperando pela sua metade. Não qualquer metade, mas a metade que a pertencia, aquele que parece pássaro, menino e homem, e no entanto, é um só e nem imagina que pode ser tantos.


Esta era mais uma das historias coloridas da cabeça da menina (sem final, mas com sorrisos embrulhados pra presente).



“Sempre que eu ficar com saudades, você ficará mais bonita. E você se enfeitará para me esperar..." O pássaro encantado – Rubem Alves

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Pq o amor nos deixa altruista, burra e tão feliz!


“Agora é um instante. Você sente... eu sinto. Já é outro. E nada existe de mais difícil do que entregar-se ao instante” Clarice Lispector

Então ela se despiu das asas, das roupas, das mentiras e de todos os conceitos de amor que já recebera.
Estava cansada de frases bem feitas escritas nos caderninhos das crianças e das teorias sobre aquilo que ninguém sabia explicar. Se o amor é tão difícil de ser compreendido, como podia alguém ser tão presunçoso a ponto de querer saber explicá-lo, pensava que quando se consegue explicar o que é amar então já deixara de sentir amor. E como ela não sabia explicar, então já tinha um bom motivo para acreditar que o que sentia era realmente amor.
Não queria levar nada teu, nada das tuas posses era realmente necessárias naquele momento. Precisava apenas do teu coração pra bater forte, dos teus braços para abraçar forte aquele que havia deixado tanta saudade, do teu ouvido para escutar as palavras e tentar decifrar, e da tua boca para – entre outras coisas – poder falar frases que poderiam tudo mudar.
Desistira de não sentir, de mentir, de deixar pro tempo resolver. Queria tudo, queria ele, queria logo. Seu amor era como fome, uma fome ensandecida e ao mesmo tempo suave. Fome de quem escolhe a refeição apreciando as cores e os sabores.
Pela primeira vez havia se visto pequena perto da imensidão daquele que a esperava. Tudo o que tinha em si era admiração e orgulho por ele. Ao lembrar-se de teu homem, conseguia sentir o abraço forte de quem sabe proteger, o olhar medroso de quem ser amado mas tem medo de pedir, os lábios carnudos que esperam uma mordida, o estilo de menino-homem (de confuso-responsável, de bandido-mocinho, de quem quer-e quer...),o andar, o sotaque, o corpo, a língua, o suor.
Não sabia se era o certo, se era o necessário, mas não se perguntava, o saber era coisa de gente que não sabe sentir, e ela sabia sentir. Sentia que nos braços dele era o único lugar que ela gostaria de estar. Estava pronta para não exigir, para não cobrar (afinal amor não se pede)... Ela acordara altruísta, justo ela que fora durante toda a vida a pessoa mais egoísta que conhecia.
De repente ela conheceu o amor, viu que o sentia e que ela mesma não era nada daquilo que pensava ser durante a vida inteira. Nem mais egoísta conseguia ser, nem triste, nem burra, nem confusa, enfim, nem ela mesma!
Então foi, vestida de outra pessoa que ela não sabia quem era, mas que gostava de ser. Foi em direção a sua janela, desta vez não iria esperar, ia pular a janela e sair correndo pela rua, ia em direção a casa do seu homem, ia nua, vestida apenas de sorrisos, beleza, doçura, vontade e de fome de amar.

"É quase impossível evitar o excesso de amor que um bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo. " Clarice Lispector

domingo, 5 de abril de 2009

Toc toc!


“Take this gift and don't ask why
Cause if you will let me
I'll take what scares you
Hold it deep inside
And if you ask me why I'm with you
And why I'll never
Leave
Love will show you everything”
("Love will show you everything" - Jennifer Love)
.
.
Após escrever e escrever sobre você e sobre meus planos a respeito de nós. Deixo tudo guardado em um local onde só eu possa ver, para que não me recriminem. Do que escrevi, depois de ter gastado todo meu apelo poético, tudo que minha dignidade me permite publicar é: "toc toc?"

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Sobre o amar sozinha!


“É assim então o teu segredo. Teu segredo é tão parecido contigo que nada me revela além do que já sei. E sei tão pouco como se o teu enigma fosse eu. Assim como tu és o meu.” Clarice Lispector

És um mistério para mim, da mesma forma em que sou um mistério a mim mesma, e, no entanto, tenho tanta vontade de te observar. Não observar para entender e nem tão pouco para descrever, já tive isso, mas vi o quanto era impossível, então minha necessidade é de observar calada, aos poucos e sozinha.
Quando a gente vê uma grande paisagem acompanhada, corremos o risco das observações de quem nos acompanha atrapalhar a nossa própria visão, no nosso próprio modo de vê-la. Assim é com você, cada vez que procuro compartilhar das minhas visões sobre ti com outros é como se eles me falassem de um outro ser, alguém que talvez você também o seja, mas que não é como eu te observo, ou como gosto de observar.
Então no pleno escuro da noite, ou em meio a luz do sol que bate secreta pela cortina, ambos no silencio do meu quarto, eu procuro sozinha você, te encontro em meus pensamentos, em alguma imagem, ou ainda em qualquer escrito meu sobre ti, e ali te encontro, prestes a ser observado, então pego minha lupa e meu microscópio e começo a despí-lo, pouco a pouco, contemplando cada parte em ti que amo e odeio.
Engraçado como tudo em que você odeio torna-se um odiar de riso sapeca, como se eu mesma olhasse para mim e visse em ti meus defeitos, e como perdôo-lhes em mim, sinto uma alegria confortável em poder-lhes perdoar em ti também.
E ali, sentada em meio a meus pensamentos, sozinha, sem interferência, e com uma sensibilidade que me foge dos olhos e me faz sorrir o coração, eu penso que talvez te ame da forma mais inocente que alguém pode amar, porque o amor também pode ser sentido no solitário, no intimo e no secreto.
Logo eu que já estava convencida que para amar se precisa de dois, me vejo amando completamente sozinha.

“Por enquanto estou inventando a sua presença...” Clarice Lispector