terça-feira, 24 de março de 2009

Coisas da faculdade...



“Ele não faz muito pela minha angústia existencial, até por não saber. E consegue tudo de mim. Consegue até o que ninguém nunca conseguiu: me deixar leve.” (Tati Bernardi)

Na adolescência eu era o típico patinho feio, não me arrumava, não me maquiava, não beijava ninguém. Além disso era extremamente responsável e estudiosa, sempre sendo a melhor aluna e aquela que começou a trabalhar primeiro porque queria ter seu próprio dinheiro.
Meninos pra mim era assunto desnecessário, coisas pra se pensar mais tarde. Matar aula jamais, o que eu faria se não fosse a preferida dos professores? Só de pensar em não ser a queridinha já me trazia lágrimas durante uma aula inteira. Mas era boa menina, eu era até um pouco engraçada, gostava de fazer piada e de brincar com as meninas. Preferia conversar sobre amenidades a falar de guris, sempre fui a que escutava, escutava, escutava e dava conselhos, quando me perguntavam dava um jeito de esquivar dizendo: ”ah, eu não gosto de nenhum menino, quando gostar eu conto pra vocês”, e eu nunca contava.
Mas eu sabia dar conselhos, porque lia todos os livros sobre psicologia, sobre relacionamentos e sobre tudo isso. Sempre fui ótima conselheira, não podia dar exemplos práticos, mas estes exemplos também são escritos nos livros, então eu citava.
Pois bem, sendo assim cresci sabendo exatamente como é um homem ideal para se relacionar, como você tem que ser uma mulher ideal, uma esposa ideal, uma profissional ideal, uma universitária ideal. Sim, eu sei! E se querem saber, em nenhum destes livros que explicava tudo isso, dava garantia que tudo isso traria felicidade.
Sabem por que? Porque não é politicamente correto escrever nos livros que matar aquela aula maçante na faculdade e ficar conversando na cantina sobre “formas de abrir uma empresa que venda garrafas de água personalizadas” pode ser a melhor coisa do teu dia. Ninguém explica que beijar alguém proibido escondido faz teu coração bater mais forte e rende algumas risadas depois do sentimento de culpa passar. Que chorar alto e soluçando no meio de um monte de gente que você nunca viu na vida não é vergonhoso. Que falar “eu te amo” não tem que ser uma vez na vida, e que você não é responsável pelo fato da pessoa ter acredito e você ter mudado de idéia no outro dia. Ninguém fala o quanto é bom flertar com aquele menino que enquanto você tava se formando no terceiro colegial ele tava brincando de pega-pega na sétima serie, mas oras bolas, agora ele cresceu e foda-se se ele é imaturo, ele te faz gargalhar e beija bem, isso basta não? A mim sim! Pois é...estas coisas você só vai aprender na faculdade!
Então é isso, de repente olhei pro meu passado e pensei “puta merda, você não fez nada de interessante, hein?” e resolvi então me permitir não ser a melhor em tudo, não fazer o que não quero e não preciso, jogar truco ao invés de anotar as matérias... ah, e jogar um charme especial pra aquele menino que dispensei tempos atrás por achar que ele não era bom o suficiente pra entender como se trata uma mulher. Eu sou uma mulher (ciente de minhas responsabilidades) e ele é um garoto lindo que me da um abraço bem quentinho quando tudo é frio. E ele me vê sentada sozinha, pensando em como mudar o mundo, então chega, puxa uma cadeira, senta do meu lado como quem é o dono do pedaço, faz uma piada, propõe um assunto que não vai nos levar a lugar algum, e vejam só: me deixa acompanhada e sorrindo... Então me vejo no outro dia sentada, sozinha, com uma cadeira ao lado, esperando a hora que ele chega e invade meus pensamentos... me vejo com 15 anos, os 15 anos que eu deveria ter tido!
E pras pessoas que condenam estas atitudes da “juventude sem responsabilidade” eu lhes digo: podem pegar de presente o Sr. Adulto que me enchia de segurança e de regras, pegue também todos os meus A’s tirados na faculdade e coloquem num quadro bem bonito, se for do agrado também podem dormir no meu quarto bem arrumadinho e pegar carona com meu motorista que sempre acha que dita os meus horários. Porque, pelo menos por hoje, eu to mais preocupada em fazer o que dá na minha cabeça, no que faz meu coração bater mais forte e no que transforma meu sorriso tímido em gargalhada!

"Eu queria, de verdade, colocar dentro de um saco as três perguntas "Por quê?", "Pra quê?" e "Até quando?" e pedir para uma criança bem fofa, bem pura e bem feliz fazer aquela brincadeira de encher, encher, encher, até estourar." Tati Bernardi

2 comentários:

  1. Eras nerd? Não pegava ninguém? Davas conselho?
    Já fazias citação antes de entrar na faculdade?

    Mas como a faculdade, o pensamento lógicoooo, mudam uma pessoa hein. De patinho feio á...bom, deixa pra lá.

    Os da festa do Hamilton sabem...e algumas fotos provam e não mentem jamais...e tenho dito!

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  2. ai ai ai.. o que falar desses guris bebês que nos tiram do chão e nos deixam ser ar? ai ai..

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