sábado, 28 de março de 2009

O menino do parquinho!


“Já sonhei nossa roda gigante esconde-esconde em você
Já avisei todo ser da noite que eu vou cuidar de você
Vou contar histórias dos dias depois de amanhã
Vou guardar tuas cores, tua primeira blusa de lã” (T.M)

Manhã. Ela acorda, se arruma e caminha pro parquinho. “Não, nada de parques grandes pra ficar confusa nos brinquedos, quero alguma coisa que seja minha, que seja calma, que seja eu hoje” – pensou a menina dirigindo-se ao parquinho da praça no fim da rua da casa dela.
Lá chegando, sentou no pequeno balanço do meio, segurou-se nas gradinhas e ficou ali com os pés encostados no chão brincando de se balançar bem de leve, como se estivesse triste, mas não estava, só estava respirando um pouco da brisa suave da manhãzinha e pensando um pouquinho, em nada, só pensando (porque tem vezes que a gente nem pensa em nada quando estamos pensando!).
Outras crianças começavam a entrar no parquinho, agitadas, querendo brincar em tudo, a menina só pensava “tomara que não me vejam, quero ficar aqui quietinha com os pensamentos de vazio” e ficou ali olhando pro nada, séria, mas não triste.
Um menino bonito se aproximou do balanço, e sem falar nada sentou do lado do balanço dela. Ele, igualmente, sentou-se e ficou ali pensando (talvez em nada como ela). Ela achou então que eles podiam ser iguais, sorriu sozinha, ele também sorriu.
O menino lentamente começou a empurrar seu próprio balanço, ela também. Como se os dois fizessem um pacto de brincar sem combinar, como se eles não quisessem que o outro percebesse que fazia bem aos dois brincarem. Sem ter um porque, começaram a se balançar cada vez mais forte, como uma disputa, mas disputas daquelas que faz os dois competidores ficarem felizes porque não há premio a não ser o de brincar.
Mais forte, mais forte, mais forte, e eles começavam a rir juntos, a gargalhar... e eles que tão pouco se conheciam começavam a descobrir que para se estar juntos precisa antes de tudo sorrir, “que se não for pra se divertir e querer ficar do lado, melhor era ter brincado de fazer castelo na areia do parquinho sozinha” (pensou ela bem depois da brincadeira, a tarde, quando lembrou). E em meio a gargalhadas os dois saltaram juntos do balanço, sem calcular o perigo do gesto e caíram os dois sentados de bunda na areia do parquinho, e riram juntos de si mesmo, e um do outro, durante muito tempo.
Ela então levantou-se olhando pra ele com olhar convidativo (não queria estragar a cumplicidade que existe no olhar, as palavras falam de mais) e foi lentamente para o gira-gira, sentou-se na esperança de ele sentar ao lado dela. Qual não foi a surpresa quando o menino ao invés de sentar começou a girá-la, ele queria que ela se sentisse querida, se preocupava com não colocar muita força no girar e nem tão pouco deixar o brinquedo muito lento, queria adivinhar qual era o gosto da menina, ela então se comoveu pela atenção dele, pela atenção simples e gentil dele.
Com olhar de sorriso a menina parou o brinquedo e fez gesto para que ele se sentasse ao lado dela, ele sentou-se, e ela então começou a girar o brinquedo empurrando seus pés, ele então entendeu que não precisava sempre cuidar dela sozinho, que as vezes quando as pessoas se gostam elas querem cuidar juntas. Eles ainda não se gostavam, porque se conheciam há pouco tempo, mas ela sabia que quando as pessoas olham com olhar puro merecem ser gostadas, e ele olhava assim.
Desta maneira, eles brincaram juntos, sem disputa, durante um bom tempo. Não era brincadeira de o coração sair do peito por bater tão forte e nem era aquelas brincadeiras sem emoção, era uma brincadeira que fazia bem pro coração, que fazia sorrir, que a menina precisava brincar.
E aquela sensação boa permaneceu durante muito tempo, e pelo jeito ainda ia permanecer. A menina só conseguia pensar que sorte grande ela tinha de ter um parquinho bem perto da casa dela, assim poderia ir brincar lá sempre que quisesse, não precisava de grandes passeios para ir à grandes parques, sendo que aquele lá a fazia tão feliz. E o menino, o menino estava sempre por ali, ela já tinha o visto antes, e agora eles eram amigos.
Ah... e o sorriso de paz... continua no rosto da menina!

“Teu sorriso eu vou deixar na estante para eu ter um dia melhor
Tua água eu vou buscar na fonte teu passo eu já sei de cor
Sei nosso primeiro abraço, sei nossa primeira dor
Sei tua manhã mais bonita, nossa casinha de cobertor
Nosso canto será o mais bonito Mi Fá Sol Lápis de cor
Nossa pausa será o nosso grito que a natureza mostrou
A gente é tão pequeno, gigante no coração
Quando a noite traz sereno a gente dorme num só colchão” (T.M)

Um comentário:

  1. "Aquele que me fizer feliz, me leva!"

    Eu gosto dessa sensação que vc está sentindo! E acho também que brincar não faz mal a ninguém :)

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